NEGRO DOMINGO DE FUTEBOL
Cheirou-me vida endeusada, demônios gigantes
Fantasmas acemiterrados[1], luto de elefantes
Roendo cogitações, conselhos empolgantes
Queda deflagrada, em mim sem instantes:
A dor selvagem, de inefável semblante
A alma carregada de indescritível sarcasmo
As veias tatuando-me a solidão
Na vanguarda de um silêncio angustiante.
A meu lado cantando duras madrugadas,
Lágrimas que escorrem minha dor insuportável
Lembranças do tempo que me trouxe as enxurradas
A enxerga do meu mundo deplorável.
Saudades de viajar, sozinho viver
Ao mundo a verdade encontrar, sofrer
Com amargura minha adolescente puberdade
Arrancada ao leito de mim sem piedade.
Os choros que chorei limpidamente, crisol
Nostálgico da minha mamãe, ao colo me levando
Densidade de compressão meu coração apertado
No entardecer de um negro domingo de futebol.
Maputo, 18 de Março de 2012
Cantífula de Castro
Na minha modesta opiniao, o autor do Poema mostra a incapacidade de encarrar a dor como um fenomeno passageiro e possivel de ultrapassar. Alias ele nalguns versos me parece ter meddo da morte efemera.
ResponderEliminarSenhor Cantifula de Castro, lembre se que O Homem que nao experimentou a dor ainda nao esperimentou a docura da vida.
Muito obrigado caro leitor
EliminarJulgo com imensa gratidão o seu comentário. Porém fique claro que que poetisa não traz à tona o pulsar verdadeiro de que leva em sua alma. A arte de Potisar está reservada a espíritos ousados e não se trata de SUPORTAR não a dor mas exprimir o quanto na dor se pode viajar no imaginário e contemplar deuses que nos acompanham nessa dor. Amén