MANSÃO AMARGA

MANSÃO AMARGA

Entrei tacteando, às apalpadelas
E quando o fogo ia debilitando-me aos bocadinhos
Tomei conta que era o orifício da tua ferida amarrotando-me.
Na tentativa de desandar vi-me assaltado
Por movimentos desajustados, de cima para baixo.
A regra neste tipo de jogo não vale
Porque o que doma a consciência é a veemência
Da paixão e a dor do prazer.
De repente senti o pulsar apressado do meu coração:
Princípio de lágrimas, uma gota de suor banhando-me
A garganta – seca de desejo – e o fim de um berço
Nostálgico: a fascinação não consumida.
Desviando o pensamento achei-me despido e
Ao teu lado assentado, como Adão acanhado
Com o silêncio da noite sem rosto
E do dia vestido de ódio, madrugadas malucas
Que nos alentam com nojos de aprazimento.
Levantei-me cansado, músculos a abalroar em surdina:
Rya! Rya! Rya!
Fracasso vencido e dilúvio de desespero
Arrasando o meu homem aniquilado.
Para te ser sincero, sorri demoradamente com tensão a subir
Numa alegre tristeza desta mansão amarga
Que me deixaste como dilecta memória.

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